FUGA 5 - TRANSE
EM TRÂNSITO
Vivemos num mundo em
trânsito. Migramos de um modo de organização da vida para outro. Na linguagem
de Pierre Weill, somos literalmente mutantes e acompanhamos o transe entre um
modo de ser e viver e outro, ainda em gestação. Para o filósofo Nietzsche, o
ser humano como o conhecemos hoje, constitui ponte entre seus ancestrais
antigos e uma nova espécie, um novo homem.
Nossa organização
social, nossas instituições, nossas relações estão em transe. Transitam. E
entre tantas mutações, a nave Terra, em estado de lotação, também muda. E
começamos a considerar seriamente a célebre frase de Antonin Artaud, segundo a
qual, o céu ainda pode cair sobre nossas
cabeças. Literalmente.
O teatro, tanto
assim, já caiu sobre nossas cabeças, e acompanha os transes de uma realidade em
trânsito. Depois de séculos de certeza, o teatro do Ocidente conquistador
descobriu-se como mais um entre tantos mundos possíveis. O melhor? O pior? O
melhor e o pior teatro são relativos àquele que vê! Apenas um. O melhor teatro
é aquele que nos faculta sermos pessoas melhores e artistas melhores. Tanto na
arte quanto na vida.
Sob a temática TRANSE
EM TRÂNSITO, o FUGA 5 será celebrado entre mudanças temporárias de calendário e
estados de suspensão. Literalmente no meio do segundo semestre de 2012, que só
mesmo terá fim acadêmico em 2013. Entre trânsitos. O FUGA 5 nos propõe refletir
sobre os transes dos quais participamos: Das turbulências políticas de uma
nação acostumada ao crime público, às transformações sempiternas da arte de
ator.
Em todas as relações possíveis
com as alteridades ficcionais/reais que o mythos
comporta. Em todas as transições
espaço-temporais que nosso desprendimento da realidade permite.
Neste cadinho de
transes, o FUGA 5 homenageia todas as formas “pobres” de se fazer teatro: da
pobreza de recursos que nos obriga a repensar o sentido da arte, às opções
preferenciais pela simplicidade das formas. Para quiçá redescobrir o brilho
obtuso do ouro que ainda se oculta,
nalguma pArte.